segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Autobiografia em 5 passos

1. Ando pela rua
há um buraco profundo na calçada
eu caio lá dentro
estou perdido - sem esperança
não foi culpa minha
leva uma eternidade para sair.

2. Ando na mesma rua
há um buraco profundo na calçada
eu finjo que não o vejo
eu caio de novo
não posso acreditar estou aqui novamente
mas não foi culpa minha
após muito tempo consigo sair.

3. Ando na mesma rua
há um buraco profundo na calçada
eu vejo o buraco
mesmo assim eu caio de novo - virou um hábito
meus olhos estão abertos
eu sei onde estou
foi culpa minha
saio imediatamente.

4. Ando na mesma rua
há um buraco profundo na calçada
eu contorno o buraco.

5. Ando em outra rua.

2 comentários:

LC disse...

Finalmente li tudo...
tudo...
Incrivel...
Seus caminhos estão belos... Nem todos conseguem fazer uma história assim.
Te amo

Tati disse...

Toda virada de temporada eu faço um post sobre mim. O último transcrevo aqui, logo abaixo. [uma maneira de compartilhar as coisas imensamente boas que ando lendo por aqui]

"A minha vida não tem diálogos dirigidos por Richard Linklater. Na verdade, às vezes, eles possuem uma breve dislexia [des]comportada, mas são honestos [em suas verdades e sentimentos todos] como se fossem dirigidos por ele. Aos 32, as ausências, as tristezas, as palavras duras, ficam bem pequenas perto das delicadezas miúdas. As presenças, os sorrisos, as palavras que preenchem, são mais importantes. Talvez porque são poucas. Talvez porque mesmo poucas, são suficientes. [Desconfio que a delicadeza é um tipo de superlativo, mas que por descuido virou substantivo e vez ou outra, adjetivo].

Aos 32 me permito escolher os que quero bem. Os que quero por perto. Os que quero em minha casa. E vez ou outra, encontro músicas-dedicatórias. Nos e-mails. Nos cds de presentes. Nos pedidos de repertório no bar. Todos eles são pequenos manifestos de carinho. E por alguns instantes, acredito que Cameron Crowee é meu roteirista de fato. Se não da vida, pelo menos dos melhores momentos.

Aos 32 tenho todos os sentimentos do mundo. E eles não são tão duros como os versos do Drummond. Melhor assim. Porque tenho planos de felicidades. Porque a versão 32th da minha vida quer muito [ainda que sutilmente]."