quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O Chamado

Eu tenho ouvido toda a minha vida
Uma voz chamando meu nome que eu reconhecia como minha propria voz.

Às vezes ela vem como um suave sussurro.
Às vezes com uma ponta de urgência.

Mas sempre diz: Acorde, meu amor, você está caminhando adormecido.
Não á segurança nisto!

Lembre-se do que você é e deixe este conhecimento levar você para casa e para a Divindade¹ a cada respiração.

Abrace carinhosamente quem você é e deixe um conhecimento mais profundo colorir a forma de sua humanidade.

Não há para onde ir. O que você procura está aqui.
Abra o punho cerrado no querer e veja o que você já segura em sua mão.

Não há espera para algo acontecer, nenhum ponto no fururo para onde ir.
Tudo que você sempre esperou está aqui neste momento, agora.

Você está desgastando a si mesmo com toda esta busca.
Venha para casa e descanse.

O quanto mais você pode viver assim?
Seu espirito magro está exausto, seu coração tropeça. Todo este tentar. Desista!

Deixe você ser um Deus-Louco, com fé apenas na Beleza que é você.

Deixe que a Divindade¹ te deixe de pé e te abrace, dançando mesmo quando o medo te pressiona a ficar sentado durante esta música.

Lembre-se há uma palavra que você está aqui para pronunciar com seu ser inteiro. Quando ela o encontrar, dê sua vida a ela. Não contenha seus lábios.

Dedique-se completamente a este dizer.
Seja uma palavra no grande poema de amor que estamos escrevendo juntos.

Oriah Mountain Dreamer.

(Tradução minha, com alguns escorregões, provavelmente)

¹ - Oriah usa o termo Beloved várias vezes para se referir à Divindade, a Deus, à Deusa, ao insondável mistério que ao mesmo tempo somos nós e é maior que nós.

A Dança

Eu lhe mandei meu convite, a nota inscrita na palma da minha mão pela chama da vida.
Não dê um salto gritando: "Sim, é isso que eu quero! Vamos em frente!"
Apenas se levante em silêncio e dance comigo.

Mostre-me como você segue seus desejos mais profundos, descendo em espiral em direção à dor dentro da dor, e lhe mostrarei como eu me volto para dentro e me abro para fora para sentir o beijo do Mistério, doces lábios sobre os meus, todos os dias.

Não me diga que você quer encerrar o mundo inteiro no seu coração. Mostre-me como você evita cometer outra falta sem se desesperar quando sofre uma agressão e tem medo de não receber amor.

Conte-me uma história sobre quem você é, e veja quem eu sou nas histórias que estou vivendo.
E juntos nos lembraremos que cada um de nós sempre tem uma escolha.

Não me diga que as coisas serão maravilhosas... um dia. Mostre-me que você é capaz de correr o risco de ficar completamente em paz, totalmente à vontade com a maneira como as coisas são
neste exato momento, e também no momento seguinte, e no seguinte...

Já ouvi histórias demais sobre a audácia heróica. Conte-me como você desmorona quando esbarra no muro, o lugar que você não pode transpor pela força da sua vontade.
O que conduz você para o outro lado desse muro, para a frágil beleza da sua condição humana?

E depois de mostrarmos um ao outro como definimos e mantivemos os limites claros e saudáveis que nos ajudam a viver lado a lado um com o outro, vamos correr o risco de lembrar que nunca deixamos de amar em silêncio aqueles que um dia amamos em voz alta.

Leve-me para os lugares do planeta que ensinam você a dançar, os lugares onde você pode correr o risco de deixar o mundo partir seu coração, e eu conduzirei você aos lugares onde a terra debaixo dos meus pés e as estrelas no céu fazem meu coração ficar inteiro de novo, e de novo.

Mostre-me como você cuida dos negócios sem deixar que eles determinem quem você é.
Quando as crianças estão alimentadas mas as vozes internas e as externas gritam que os desejos da alma têm um preço alto demais, vamos lembrar um ao outro que o que importa não é o dinheiro.

Mostre-me como você oferece ao seu povo e ao mundo as histórias e as canções que você quer que os filhos de nossos filhos recordem, e eu revelarei a você como eu me empenho, não para mudar o mundo, mas para amá-lo.

Sente-se do meu lado e compartilhe comigo longos momentos de solidão, conhecendo tanto a nossa absoluta solitude quanto o nosso inegável pertencer. Dance comigo no silêncio e no som das pequenas palavras cotidianas, sem que eu me responsabilize no fim do dia por nenhum de nós dois.

E quando o som de todas as declarações das nossas mais sinceras intenções tiver desaparecido no vento, dance comigo na pausa infinita antes da grande inalação seguinte do alento que nos sopra a todos na existência, sem encher o vazio a partir de dentro ou de fora.

Não diga "Sim!".
Pegue apenas a minha mão e dance comigo.

Oriah Mountain Dreamer

O Convite

"Não me interessa saber como você ganha a vida. Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração.

Não me interessa saber sua idade. Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com, sua lua. O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza, se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor. Quero saber se você consegue conviver com a dor, a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.

Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até aponta dos seus dedos, sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana.

Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira. Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo. Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma, ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança.
Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da sua vida.

Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu, e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: "Sim!"

Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos.

Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui. Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.

Não me interessa onde, o que ou com quem estudou. Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona.

Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia."

Oriah Mountain Dreamer

Oriah Mountain Dreamer - minha autora predileta



Cada um escolhe seus mestres. Ou talvez os mestres certos se apresentam quando estamos prontos. Mestres não no sentido de gurus que a gente segue babando atrás, mas pessoas que tem sabedoria e generosidade para compartilhar. Os meus mestres mais próximos são Sanclair Lemos, Soraya Gazal. Os mais distantes, por assim dizer são Humberto Maturana (que confesso, ainda tenho muito que ler) e Oriah Mountain Dreamer, sobre quem quero compartilhar algumas impressões.

Oriah Mountain Dreamer mora no Canadá. Formada em serviço social, trabalhou por muitos anos com adolescentes de rua, mulheres vítimas de violência e famílias em crise. Dedicou grande parte de sua vida a ensinar pessoas do mundo inteiro como viver de forma mais plena.

Teve a oportunidade de estudar com índios americanos e aprender com eles fundamentos da medicina xamãnica. Oriah Mountain Dreamer, ou Sonhadora das Montanhas, significa aquela que gosta de expandir os limites e pode ajudar os outros a fazer o mesmo.

Eu li, algumas vezes, os dois livros que foram lançados no Brasil: O Convite e A Dança. Os dois estão esgotados, mas você os encontra em sebos (uma dica: visite a estante virtual e dê uma olhada no que tem perto de você).

Agora estou lendo o terceiro livro, O chamado. Em inglês por não ter sido lançado no Brasil. Mais intenso e profundo, talvez por me encontrar em um momento mais intenso e profundo também. Deste livro que traduzi a meditação pela inocência. Infelizmente classificado como new age ou auto ajuda, é um relato humano absolutamente sincero, e por isto mesmo tão tocante.

Pretendo publicar aqui os poemas iniciais de cada livro (no video você pode ver o convite em inglês), além de alguns trechos ou reflexões provocadas pela leitura.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Grupo sensus



Performance sensorial

Sobre a paixão... Reloaded.

Eu já escrevi sobre este assunto antes, em março de 2006, mas senti um impulso de revisitar o tema, a partir do que aprendi nestes últimos tempos, de grandes dores e aprendizados. Reescrevi o texto, depois de reler e repensar. O texto estava num meio termo entre a reflexão e a poesia (só falar de paixão já vai trazendo efeitos colaterais). Reescrevi para ficar mais claro.

A paixão... Reloaded.

A paixão tem a ver com o que é novo, com o inusitado, com o diferente. Aparece quando a gente conhece uma nova pessoa ou vê algo novo em alguém. Um eco de algo especial que temos dentro da gente. Muitas vezes, uma tela para projetar o nosso filme.

Paixão tem um efeito imbecilizante (risos). A gente fica mais tolo, perde um pouco do bom senso. Deixamos de enxergar sinais evidentes, aceitamos o inaceitável, sofremos, gozamos e insistimos mesmo quando não existe mais nada. Isto porque é muito mais para o instinto que para a razão. E por isto é facil atropelar ou consumir o outro, é fácil deixar de enxergar a outra pessoa e ficar só vendo a nossa fantasias, desejo, planos e sonhos. E para o outro é um desafio, competir com uma fantasia.

Paixão nos faz implorar, nos leva a desempenhar papeizinhos medíocres e patéticos. E a gente adora. A paixão não aumenta com a satisfação, mas com as dificuldades.

Quando a paixão domina o coração, este inventa razões que parecem não só plausíveis, mas decisivas para provar que o amor justifica tudo, até a perdição. Convence de que até a honra é bem sacrificada e a vergonha um preço módico a pagar.

Pede o encontro de corpos, pede um encontro de almas. Tira a gente do eixo e nos leva por novos, tortuosos e perigosos caminhos, sem que a gente perceba. Como canta Toquinho, muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar.

Paixão é tesão. Sempre. E paixão acaba. Sempre. Paixão se renova. Às vezes. Geralmente começa ao mesmo tempo, mas raramente termina simultaneamente.

E o que resta depois do incêndio? As vezes amor, às vezes dor quando percebemos que nos traimos, que nos queimamos, ne nos desrespeitamos e nos deixamos ser desrespeitados muito além do que jamais permitiriamos em qualquer lugar ou situação. Pesar por ter abandonado. Perceber quando a outra pessoa está em pleno vôo, depois de incentivarmos ela a saltar , sem que não temos condições de sustentar o vôo ou oferecer um pouso suave.

E mesmo assim, a paixão pode ser uma grande lição de humildade, em sua energia e crueldade.

E por alguma razão, inscrita a fogo na alma do homem, a gente precisa disso. Ouvi recentemente uma amiga dizer que de tempos em tempos precisava viver intensamente estes momentos de dor e de melancolia.

E por mais que soe estranho, admito que eu também sou assim.

É como se minha alma a cada ciclo me levasse a estes mergulhos no fogo infernal para me limpar do que não me pertence, dos pensamentos, padrões e idéias que não condizem com os desejos profundos, para forjar de mim um novo eu, com um olhar limpo, com uma nova leveza.

Vivi três episódios assim. Quando um grande amigo e mentor morreu há 14 anos atrás, me forçou a ser meu próprio mentor, e a montar a minha empresa. Quando me separei, há cerca de 7 anos atrás, sai pela vida em busca de aprender a expressar a minha natureza amorosa.

Parecem os tais ciclos de 7 anos... porque passei por algo intenso assim, uma morte e renascimento que uma paixão (e sua interrupção) deflagrou, e hoje eu me deparo com um novo caminho aberto, que não sei onde vai dar, mas que deixa claro que é um novo passeio e uma nova lição. Um uma caminhada que vou fazer à minha maneira, da minha forma apaixonada de viver, com as dores e prazeres que ela reserva.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Se for pra escolher um hino para a vida...

...escolheria "O que é o que é?"



Viver a beleza de ser um eterno aprendiz!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Objetivos e subjetivos.

Eu não gosto muito da cultura de metas, prazos e objetivos, em especial quando aplicados à minha vida pessoal. Podem ser pilares da administração moderna, mas não me servem como forma de conduzir a existência.

E no entanto, de vez em quando vale a pena estabelecer alguns marcos e algumas direções. Direções para conduzir caminhar e marcos para saber quando passamos. Talvez sejam a mesma coisa, mas o que eu quero é prestar atenção no caminho que estou percorrendo, sem ficar cego pelo resultado.

Bom, filosofadas a parte, estou estabelecendo alguns marcos e direções pra mim. Algumas públicas outras secretas.

As públicas:
  • Direção: Vegetarianismo, marco: vegetarianismo ou semi-vegetarianismo por 100 dias. Excluir carne vermelha do meu cardápio e procurar refeições vegetarianas sempre que possivel. Frango e peixe, se o corpo pedir.
  • Direção: Meditação, Atividade física e Biodança como hábitos. Essa combinação é o que entendo como meu caminho de evolução (um dia detalho isso). Marco, me inscrever e me manter em aulas de yoga e de kungfu, além da prática de biodança e meditação.
As privadas:
  • Direção 1, marco 100 dias.
  • Direção 2, marco secreto, uma consequencia das publicas.
  • Direção 3, sem marco. Cada passo é um marco.
  • Direção 4, pro fim do ano
  • Direção 5, pra algum dia na vida.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Tempos modernos.

Embora não seja nada de novo, esse é um assunto que estava refletindo estes tempos e resolvi comentar.

Existe uma teoria que ficou bastante conhecida nestes tempos de orkut, de que cada pessoa está conectada a qualquer outra no mundo por apenas cinco passos. Qualquer um, de Osama a Bush. Funciona: eu conheço uma pessoa cuja irmã conhece o lula que conhece o Bush. Bush em 4 passsos. O truque é chegar no lula ou no bush, e tudo fica mais fácil (risos).

Mas agora que a gente descobre como ganhar o jogo, mudam as regras. As pessoas estão agora muito próximas (qualquer um a cinco passos) muito mais rápido e instantâneo. Qualquer um tem 100, 200 amigos no msn e 200, 500, 1000 amigos no orkut. Muita gente que conheço participa de 200 ou mais comunidades e tem até um celular chique pra receber os e-mails quando não está no computador.

Fica muito mais fácil conhecer alguem. Ou conhecer alguem que é amigo de alguem. Até mesmo ser super amigo de fulano, que você nunca encontrou na vida real. Basicamente, a gente passa a ser amigo de todo mundo. Amigo numas, porque a gente pode até ser amigo do leo jaime no orkut, mas sinceramente, o que isto significa mesmo?

E é aí que surge o vazio tecnológico. Que também pode ser chamado de tédio do novo milênio. Começa com uma sensação de, apesar de ter mil amigos na vida online, você tem uns dois ou três quando está offline. O leo jaime nem sabe que você existe. E parece que uma pessoa morre quando some do mundo virtual. A angustia do vazio tecnologico também pode ser percebida quando a gente começa a ter preguiça da superexposição internética. Ficar de saco cheio de entrar em comunidades, blogs, de ler posts. Provavelmente isto culmine com o desligamento do computador. E aí o tédio online pode dar lugar à aflição offline (aquela que pega a gente quando ficamos muito tempo sem abrir os e-mails). E a gente passa a imaginar que quando não está offline... a gente nem existe mais (risos).

Brincadeiras à parte, voltei ao orkut em uma nova atitude. Quero só ligação com poucos e bons amigos. Quero mais tempo offline pra encontrar com a minha familia, tanto os que compartilham do mesmo sangue quanto aqueles que se tornaram familia por escolha e afinidade.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

À minha maneira...



My Way
Frank Sinatra


And now the end is near
And so I face the final curtain
My friend, I 'll say it clear,
I 'll state my case of which I 'm certain.

I've lived a life thats full,
I travelled each and every highway,
And more, much more than this,
I did it My Way.

Regrets, I 've had a few,
But then again too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exception
I planned each charted course
each careful step along the byway
And more, much more than this,
I did it My Way.

Yes there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all when there was doubt
I ate it up and spit it out
I faced it all and I stood tall
And did it My Way.

I 've loved,
I 've laughed and cried,
I 've had my fill, my share of losing
and now as tears subside
I find it all so amusing
to think I did all that
and may I say not in a shy way

Oh no, oh no not me
I did it My Way

For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught.
To say the things he truly feels;
And not the words of one who kneels.
The record shows
I took the blows -
And did it my way!

À Minha Maneira
Frank Sinatra

E agora o fim está próximo,
E então eu encaro a última cortina.
Meu amigo, vou dizer claramente,
Vou expôr minha situação, da qual tenho certeza...

Eu vivi uma vida que está completa,
Eu viajei por cada uma e em todas as estradas.
E mais, muito mais do que isso,
Eu fiz à minha maneira...

Remorsos, tive uns poucos.
Mas, por outro lado, poucos demais para mencionar.
Eu fiz o que tinha de fazer
E perseverei até o fim sem exceção.
Eu planejei cada percurso delineado,
Cada passo cuidadoso ao longo do caminho.
E mais, muito mais do que isso,
Eu fiz à minha maneira...

Sim, houve ocasiões, tenho certeza que você soube
Quando mordi mais do que podia mastigar.
Mas, em meio a tudo, quando havia incerteza,
Eu devorava tudo e cuspia fora.
Eu enfrentei tudo e me mantive em pé,
E fiz à minha maneira...

Eu amei,
Eu ri e chorei.
Tive minha parte, minha porção de perdas.
E agora, à medida que as lágrimas diminuem,
Eu acho tudo isso tão divertido
Ao pensar que fiz aquilo tudo,
E - posso dizer? - não de uma maneira tímida...

Oh não, oh não, não eu,
Eu fiz da minha maneira...

Pois, o que é um homem, o que ele possui?
Se não for a si mesmo, então ele não tem nada.
Para dizer as coisas que ele sente sinceramente
E não as palavras de alguém que se ajoelha.
O registro mostra:
Eu suportei os golpes,
E fiz da minha maneira...

Oficina da Voz

Segunda passada experimentei um trabalho diferente, a Oficina da Voz, um trabalho conduzido por um grande amigo, Wellington Romano.

Um espaço harmonioso e tranquilo onde, entre amigos, podemos experimentar a própria expressão pela voz. Uma interessante forma de autoconhecimento: conhecer a própria voz e o que ela revela e ouvir alguns feedbacks que podem proporcionar bons insights.

Para quem quer se conhecer sem necessariamente entrar em processos profundos, é uma excelente oportunidade. Estarei por lá hoje e provavelmente por algumas semanas, por uma razão bem simples: é muito legal (risos).

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Mudanças

Passei por muitas mudanças estes dias. Quem está por perto sabe bem o que eu passei.

Dei um salto. O tal salto de consciência que tanto ouvi falar. Aquele momento que chega, depois de alguns anos de práticas de internalização quando atingimos um ponto de não retorno, chegamos a um grau de energia em que a coisa toda acontece.

Não teve uma luz brilhante, soar de clarins, anjos cantando. Na verdade, eu só percebi que aconteceu depois de uns 15 dias.

Começa com uma mudança nos ciclos de energia, na alimentação, na postura da coluna. Aquelas coisas que tanto nos recomendam (e a gente nunca faz) se tornam tão naturais como o não fazê-las.

E só saquei as mudanças depois de um workshop este fim de semana. O tipo de curso que normalmente convida a mudar alguns aspectos da vida, ou deflagra estas mudanças. Desta vez serviu para eu descobrir as mudanças... os vários conhecidos que encontrei compartilharam suas percepções, coisas que de fora puderam ver diferentes em mim.

Está sendo muito bom me reconhecer e assumir como este novo ser, conviver com esta nova paz profunda, mais conectada. Ver que estou menos critico e mais amoroso comigo mesmo, e por isto mesmo menos critico e mais amoroso com os outros.

Estou escrevendo menos por aqui porque já não faz tanto sentido. Faz mais sentido viver que escrever sobre a vida.

Tenho dedicado mais tempo a mim e aos amigos. Um impulso interno tem me levado a evitar encontros com muita gente, mesmo sendo todos amigos. As máscaras que eu vestia entre os amigos não encaixam no meu novo rosto e quero aos poucos aprender a estar em grupos, principalmente os de amigos, com este rosto limpo, com esta atitude mais silenciosa, com este olhar mais aberto para receber as pessoas em meu coração.

Por isto tenho escolhidos encontros um a um com as pessoas que gosto, com as pessoas que me procuram. Experimentando estar mais aberto para algumas pessoas que em outros tempos eu não ligava tanto. E me surpreendendo. Mesmo sabendo que não poderia ser de outra forma.

Vida simples, vida boa. Estamos vivos e livres para amar, o meu atual lema.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Meditação pela inocência

A autora dos livros que considero os melhores que já li chama-se Oriah Mountain Dreamer. Canadense, tem dois livros publicados no Brasil, infelizmente esgotados: "O convite" e "A dança".

Estou lendo "The Call" em inglês. Muito mais profundo e espiritual, vem em resposta ao que eu preciso. Hoje, por sintonia, me deparo com uma meditação pela inocência, que compartilho aqui.

Sente-se em uma posição confortável, preferencialmente sentado mas relaxado. Inspire profundamente três vezes, levando o ar para sua barriga, permitindo que seu corpo se expanda com a inspiração e se contraia e se curve ao exalar. Envie a sua respiração para todas as partes do seu corpo - pés e pernas, mãos e braços, cabeça e pescoço - e permita que todo o stress, tensão, cansaço deixe seu corpo conforme você exala.

Respire normalmente e gentilmente traga a sua atenção para a respiração, permitindo que todos os pensamentos e sensações se dissolvam, que desapareçam da mesma forma que surgem, sem lutar contra ou se apegar a um pensamento ou sensação particular com sua atenção. Deixe que a respiração seja o centro do seu ser, no ponto em você onde não há movimento, apenas tranquilidade.

Neste lugar de profunda serenidade, permita que uma imagem sua apareça, lembrando-se de um momento em que você ofereceu algo a outra pessoa. Deixe que seja algo pequeno como segurar uma porta para alguem mais velho, ou oferecer consolo a uma criança que esfolou seu joelho. Pode ser um momento em que você compartilhou algo de si mesmo, como contar uma história de sua vida para outra pessoa. Pode ter sido um momento em que você criou beleza para outra pessoa pelo modo que ouviu ou como ofereceu algo - um alimento, um sorriso, uma palavra de encorajamento. Pode ter sido um momento em que você não quis receber algo em troca. Permita que o que quer que venha esteja ali sem julgamento da sua opinião sobre o resultado do que você ofereceu, sem analizar o grau em que o seu desejo de oferecer algo se misturou a outros motivos.

Sente-se com esta imagem, e sinta dentro dela uma linha do seu desejo genuino de oferecer algo ao mundo, ao próximo. Talvez você tenha desejado aliviar a dor do outro ou criar intimidade ou oferecer apoio. Talvez você tenha desejado acrescentar beleza a um momento com humor, intuição ou compaixão. Deixe que a linha de sua própria inocencia, seu desejo de aliviar o sofrimento e contribuir para o mundo com algo significativo revele-se a você.

Esteja com este senso de sua própria inocência, e deixe que isto te leve a outras instâncias em sua vida em que você atuou a partir do desejo de criar beleza ou oferecer consolo. Veja as diferentes formas que esta linha de inocencia se entrelaça com milhares de outras em suas escolhas. Permita que instantes em que você era uma criança venham até você. Permita que a realidade de sua própria divindade se revele para você. Esteja com esta divindade e os sentimentos que surgirem sem julgamento. Se você começar a analizar os intantes que surgirem, retorne sua atenção para sua respiração, deixando sua mente clara e aguarde por uma nova imagem.

Veja e conheça sua propria divindade.

Namastê!

Inocência

Sempre que me vejo perante a decisão do que eu quero conservar em minha vida, eu escolho e respondo: a inocência.

Mas o que é a inocência?

Inocência, em primeiro lugar, está longe de ser um estado de tolice, de estupidez. Inocência, pelo contrário é um estado de atenção amorosa. Atenção, por sua vez eu vejo como como a-tensão, ou seja um estado onde não há tensão ou stress. Inocência é a capacidade de enxergar o novo, mesmo que seja a repetição de uma cena vista muitas vezes. Inocência é não julgar, conseguir olhar aquilo que se poderia chamar de erro como uma legitima tentativa de acerto.

Inocência é o que vejo no olhar e sorriso de minha sobrinha. Que está tanto nos olhos de um boi quanto nos olhos de um leão.

Inocencia é sim o contrário da culpa. Porque um ser inocente não se castiga com a culpa, porque segue sempre o seu coração. Culpa é o que a gente sente quando faz algo que outra pessoa não gostaria que nós fizéssemos. Se a gente segue o coração, não há culpa, não há peso nas costas ou dor no peito, porque ousamos ser fiéis a nós mesmos.

Inocência pode ser entendida como inner-essence. Ou seja, a essência mais interna, mais profunda em cada um de nós. Nossa inocência é um lembrete de quem nós realmente somos.

A partir da minha inocência tenho sido capaz de rezar. Vendo a nossa inocência, nossa divindade inerente, nos vemos capazes de enviar nossa voz, de dedicar um tempo de serenidade todos os dias e nos conectar com quem nos realmente somos, ao motivo verdadeiro de estarmos aqui.

Que a sua caminhada seja leve.

Estamos vivos e livres para amar.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Autobiografia em 5 passos

1. Ando pela rua
há um buraco profundo na calçada
eu caio lá dentro
estou perdido - sem esperança
não foi culpa minha
leva uma eternidade para sair.

2. Ando na mesma rua
há um buraco profundo na calçada
eu finjo que não o vejo
eu caio de novo
não posso acreditar estou aqui novamente
mas não foi culpa minha
após muito tempo consigo sair.

3. Ando na mesma rua
há um buraco profundo na calçada
eu vejo o buraco
mesmo assim eu caio de novo - virou um hábito
meus olhos estão abertos
eu sei onde estou
foi culpa minha
saio imediatamente.

4. Ando na mesma rua
há um buraco profundo na calçada
eu contorno o buraco.

5. Ando em outra rua.

Os Estatutos do Homem!



Dedicado pelo autor, Thiago de Melo, a Carlos Heitor Cony.

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Santiago do Chile, Abril de 1964

Uma versão mais popular, intensa pela leitura e pela musica, fraquinha pelas imagens enlatadas:

Todo Cambia



Todo Cambia - Mercedes Sosa

"Cambia lo superficial, cambia también lo profundo
cambia el modo de pensar, cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años, cambia el pastor su rebaño
y así como todo cambia que yo cambie no es extraño

Cambia el mas fino brillante de mano en mano su brillo
cambia el nido el pajarillo, cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante aunque esto le cause daño
y así como todo cambia que yo cambie no extraño

Cambia todo cambia, Cambia todo cambia
Cambia todo cambia, Cambia todo cambia

Cambia el sol en su carrera cuando la noche subsiste
cambia la planta y se viste de verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera, Cambia el cabello el anciano
y así como todo cambia que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor por mas lejos que me encuentre
ni el recuerdo ni el dolor de mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer tendrá que cambiar mañana
así como cambio yo en esta tierra lejana

Cambia todo cambia, Cambia todo cambia
Cambia todo cambia, Cambia todo cambia

Pero no cambia mi amor..."

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Enigma

Este é um grupo que eu gosto muito. Uma trilha sonora para os momentos de reflexão e de melancolia.

Esta musica, que conheci hoje, diz pouco... o pouco que eu ouço meu coração dizer... "Oh, rescue me..."



Porque continuo tropeçando, porque essa dor me toma?