segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Convite 03 - O Desejo

Não me interessa saber como você ganha a vida.
Quero saber o que mais deseja
e se ousa sonhar em satisfazer os anseios
do seu coração.
Acredito no desejo, onde quer que ele me encontre. E muitas vezes ele me encontra em momentos imprevisíveis e inconvenientes. É como uma porta que se abre de súbito. Nunca estou preparada. Não há preparação para o modo como ele me toma e me abandona, para a intensidade da dor. É a voz dos pedaços que perdi nos acordos que busquei fazer com a vida, tentando trocar parcelas dos meus sonhos por promessas de segurança.

Algumas manhãs reservo dois minutos para me sentar no pátio de casa e oferecer uma oração ao dia, embora parte de mim esteja ansiosa para iniciar as tarefas que me aguardam: acordar meus filhos, preparar o café da manhã, dar telefonemas, colocar algumas pilhas de roupa na lavadora, expedir correspondência...

Mas, por um momento apenas, me sento sob a luz fresca e renovada do sol das primeiras horas da manhã, o vento batendo em meu cabelo, meus pés descalços na grama úmida, e me surpreendo com o fluxo de desejo que me invade. É um anseio indescritível. Suspende minha respiração, faz com que meus lábios sussurrem: "Eu quero... eu quero..." Não consigo completar a frase. Tenho de aguardar, aberta e ansiosa. E esse desejo chega e me arrebata, e eu me lembro do que pensei que jamais poderia esquecer. Esse desejo me seduz com promessas encerradas nas células do meu corpo. Ele me fala de descanso, de vínculos profundos comigo mesma, do desejo pelo outro, de viver com fé no sagrado.

Sentada com Twylah Nitsch, uma anciã índia, junto à mesa da cozinha de sua casa, na luz pálida da manhã, partilhando xícaras de chá quente, pergunto-lhe:

— Quanto tempo esteve casada?

Twylah faz uma pausa e empurra para trás as mechas de cabelo branco que recusam obedecer aos grampos. É uma mulher pequena, de menos de um metro e meio, cheia de vitalidade aos oitenta anos. As linhas intensas da vida cobrem-lhe a pele da face e das mãos.

— Eu sou casada — responde tranquila. — Embora meu marido tenha morrido há doze anos, ele ainda é, como foi durante trinta e dois anos, meu marido.

O modo como ela diz isso me provoca um aperto na garganta. Posso ver em seus olhos e na maneira como sua mão se estende para o bule de chá que é verdade. Sei que a noite passada, sozinha na cama, quando cruzava a fronteira do sono, ela o sentiu aninhado contra ela, os pêlos do peito roçando suas costas magras, as coxas musculosas aninhadas nas curvas de suas nádegas envelhecidas, as mãos fortes acolhendo seus seios flácidos e caídos. É como sempre foi. A separação de anos, ou mesmo de mundos, não pode mitigar o desejo que sentem um pelo outro.

Em silêncio, seus pálidos olhos azuis observam meu rosto enquanto meus dedos acompanham os desenhos do sol na toalha de plástico. Anseio por essa intimidade profunda, esse nível de comprometimento com o outro em cada momento de minha vida.
Quero saber como viver isso, mesmo que nosso tempo juntos seja breve. Quando nos encontrarmos, não quero lhe perguntar como você ganha a vida. Quero saber a que anseia quando a porta do desejo se abre e se você tem coragem de sentir seu próprio desejo. Conte-me algo que não tenha contado a si mesmo durante muito tempo. Deixe que venha de suas entranhas, de modo que possamos nos surpreender juntos. Nós nos sentaremos aqui, lado a lado, o tempo que for necessário, esperando que venha. É duro esperar sozinho. Houve momentos em que tive medo de que meu anseio não voltasse a me encontrar. Todas as minhas caminhadas foram em busca dos desejos que abandonei.
Mais de uma década se passou desde que me vi de pé na sala, de malas feitas, Nathan babando com seu bom humor, enganchado no meu quadril, Brendan brincando com alguns blocos de madeira aos meus pés. Não tinha outro plano senão juntar as fraldas, os brinquedos e as roupas que empacotara. Esperava meu marido chegar em casa enquanto as sombras se alongavam. Era uma mulher em suspenso, incapaz de mover-me nem que fosse para acender uma luz. Esperava que ele chegasse antes que tivesse escurecido o suficiente para fazer parecer completamente louco estar ali, de pé, no meio da sala, sem nenhuma luz acesa.

Quando ele cruzou a porta e pôs os olhos na mala, tudo o que eu consegui dizer, com a voz sumida e monocórdia, foi:

— Estamos indo embora.
— Muito bem — ele zombou — e para onde exatamente você planeja ir?
Ele não era um homem cruel, apenas alguém cansado. Estávamos ambos muito cansados.
— Não sei. Só sei que não posso continuar aqui.

As palavras não eram capazes de expressar o terror que eu sentia de que estivesse murchando por dentro, um pouco a cada dia.

— Meu Deus, Oriah, não vamos fazer um drama. Levou as crianças para a cozinha e começou a preparar o jantar.

Fiquei sozinha na sala, a luz agonizante retirando toda a cor das formas familiares dos móveis. Não podia abandonar meus filhos e não tinha para onde levá-los. Esperei que o conhecido torpor subisse por minhas pernas e tomasse conta do meu corpo. Finalmente, sabia, estaria tão paralisada, que não seria capaz de me mexer. E quando cheguei a esse ponto, recolhi a bagagem, caminhei em direção ao quarto e desfiz a mala, colocando-a atrás do armário.

Meu marido e eu jamais conversamos sobre esse assunto. Um ano depois, quando de fato fui embora, ele ficou chocado. Dirigiu-me um olhar vago quando lembrei-lhe aquela noite, que eu o recebera de malas feitas — e como ele me olhou como se eu estivesse fingindo.

E assim comecei a partir. Em meus relacionamentos, transformei-me numa mulher sempre com a mão na porta, temerosa de deixá-la fechada por muito tempo, por medo de ser apanhada, de me encontrar uma vez mais de pé, na penumbra, incapaz de sair, sem ter para onde ir. Desde o início, eu dizia a cada parceiro o que podia esperar de mim. Não podia ser acusada de usar subterfúgios, de enganar quem quer que fosse. A honestidade era meu álibi.

Sabia que não podia ficar, a menos que soubesse que podia partir. Sabendo que podia partir, desejava intensamente saber que podia ficar, saber como viver um compromisso com um companheiro que não desviasse meu rosto de minha própria vida, interior e exterior.

Diga-me o que mais deseja. Não quero ouvir nenhuma outra história de desagregação familiar como explicação para sua atual fragilidade. Deixe-me provar suas histórias no sal das lágrimas que seco em seus olhos. Desejo percorrer em câmara lenta os lugares que vão se tornando familiares. Quero subir em espiral, quase tocando, até bem perto do lugar onde possamos sentir o calor do ar entre nós, uma caminhada sem pressa, enquanto perscrutamos os novos aromas de cada um, deixando-os permanecer em nossas narinas, aspirando-os profundamente, permitindo que nossos corpos e corações provem o impulso de mover-se um em direção ao outro antes de qualquer movimento.
Quero ser cortejada pela verdade. Deixar que as histórias que contam nossas vidas se entrecruzem em longas tramas multicoloridas. Não me conte demais, nem cedo demais. Não esconda nada. Conte os contos de seu coração, ofereça-os como pérolas perfeitas vindas das profundezas do mar para serem colocadas juntas num mesmo fio, uma estalando gentilmente contra a outra, luminosas e iridescentes ao rolarem suavemente para fora da umidade. Daqui a dez anos quero ouvir uma história da sua infância que jamais tenha escutado antes e conhecer a delícia e o eterno espanto de nos vermos um ao outro pela primeira vez, muitas vezes. Apresente-me cada cena devagar, para que eu possa me demorar nela e encontrar você, reflexos de mim mesma e o prenúncio de nós dois ali, nos detalhes. Quero manter conversas amenas durante toda a noite e descobrir-nos capazes de ficar em silêncio juntos, por vários dias, nossa intimidade aguçada pela solidão partilhada.

E se tivermos de nos amar, pela primeira vez ou uma vez mais, depois de muitas vezes, que esse ato de amor seja cheio de timidez e descoberta, como era, ou poderia ter sido, quando tínhamos dezesseis anos: hoje um beijo que permanece nos lábios, um toque em minha nuca que repercute durante muitas horas, amanhã uma carícia leve nos seios que me fará perder o fôlego. Quero saborear cada descoberta do toque como o desdobramento infinito do outro. Quero retardar tudo, andar ao acaso, úmida, ansiando pelo que possa vir, para que eu saiba quando fui plenamente invadida, seja por seu corpo, por sua história ou simplesmente pelo momento que passa entre nós.
Esse é o desejo da alma humana pela outra, ouvido através do corpo e do coração. É difícil para mim tomar conhecimento desse desejo. Preocupa-me a possibilidade de ele ter um valor apenas secundário — como um meio para atingir um fim —, de ser tão-somente um apoio para minha união com o Espírito, para minha missão no mundo. Mas nós amamos o Espírito e honramos o sagrado pelo modo como nos tocamos um ao outro. Mesmo quando estou totalmente comigo mesma, ainda guardo dentro de mim o anseio pelo outro e pelo mundo.

O universo não é dado duas vezes. A separação entre Espírito e matéria está em nosso pensamento, no nosso modo de falar dela. Chego a Deus quando acaricio o rosto do homem amado, abraço o Todo-Poderoso quando a mão de meu filho segura a minha, inspiro o Espírito quando apreendo o aroma do sol na brisa. O mundo se oferece a mim de mil maneiras e eu sofro ao constatar que poucas vezes sou capaz de receber mais que uma pequena fração do que me é oferecido, que frequentemente rejeito o que me vem por achar que não é bastante bom. Algumas manhãs, sentada por momentos no pátio, nem chego a perceber o quanto retesei os músculos por causa do barulho do tráfego da cidade, resistindo ao que decidi ser uma deturpação da quietude da manhã. Eu me retraio, incapaz de acolher esse som, ou não querendo reconhecê-lo como parte de tudo que está vivo, como o simples som de homens e mulheres iniciando seu dia, partindo para o mundo, para fazer o trabalho que lhes dá o sustento e o de seus filhos.
Você é capaz de ver e tocar o divino que está em tudo? Vivemos numa sociedade leiga, com poucos rituais em nosso cotidiano para ajudar-nos a recordar e tomar consciência do sagrado. Privados das pequenas formalidades, nos tornamos plenamente familiarizados com o lado humano de cada um. Preciso de uma pequena distância, de vez em quando, que me lembre o quanto os outros são mistérios para mim, e eu para eles, para saborear a expectativa de tocar, com fascínio, o divino no outro.

Meu avô, Baba, se levantava quando uma mulher entrava na sala, silenciosamente, confiantemente, como se fosse a coisa mais natural do mundo. A mulher podia ser jovem ou velha, bonita ou comum, a vizinha do lado ou a cunhada de fala macia. Meu pai, um homem imprensado entre duas eras, se levantava às vezes. Nossa geração descartou as delicadezas sociais como gestos vazios, sem qualquer sentido real, afastados dos bons propósitos. Que homenagem ao feminino poderia haver em levantar-se de uma cadeira se, ao mesmo tempo, a comunidade perdoava um homem que batia na mulher ou a proibia de ter seu próprio trabalho?

Será que Baba sentia a antiga agitação do guerreiro macho em seu sangue, aquele que reconhecia, homenageava e afagava as mulheres de sua tribo como doadoras de vida, seres que na própria forma do ventre e dos seios carregavam a imagem da vida? Pretenderia ele saudar a vida e colocar-se a seu serviço ou estaria simplesmente sendo educado, seguindo regras há muito sem sentido?

Não sei. Ainda assim, quando entro numa sala e um homem fica de pé até que eu me sente, percebo que uma parte de mim responde ao gesto, pensando como seria viver onde o que oferecemos, o lugar que ocupamos e que é maior do que nós, é visto e avaliado. Sinto como isso me atrai, não para negar meu lado humano, mas para me lembrar de meu lugar no mundo, para me elevar e encontrar o melhor em mim mesma e oferecê-lo à minha gente, para me tornar digna de ser Mulher, Geradora de Vida, Guerreira, Mãe, Irmã, Avó, Sonhadora, Sacerdotisa...

É fácil perder de vista o divino presente no parceiro que recolhe o lixo e mais fácil ainda se ele ou ela não recolhe o lixo. É difícil lembrar de procurar e encontrar esse divino no empregado do estacionamento ou no balconista que nos atende. Precisamos de gestos partilhados, de pequenos rituais que nos ajudem a prestar atenção, que nos permitam ver e honrar o mistério do outro todos os dias. Esse é o compromisso que minha alma anseia assumir com o mundo.

E quero deixar de tentar fazer isso.

Não é o ser, ou mesmo o fazer, que nos esgota. É o tentar: tentar estar presente, tentar estar atento, tentar abraçar o mundo inteiro, ser melhor, mais autoconsciente, mais alerta. Minhas esperanças para nós são reais: quero ajudar a criar um mundo em que a simples idéia do resíduo tóxico gere tamanho brado de angústia por parte das pessoas, que se torne impensável. Um mundo onde nos juntemos, levados pelo coração, para cuidar dos pobres, dos doentes, dos moribundos e dos desesperados, sem questionar se merecem ou não, sem medo de contaminação, vendo a nós mesmos em cada uma dessas pessoas.

Por mais dignificantes, porém, que esses desejos possam ser, sei que minhas razões são confusas. Temo que, se não estiver realizando algo, desaparecerei, não terei nada para lhe oferecer quando nos encontrarmos. Quero ser capaz de viver um dia, um mês, um ano — ou mesmo uma vida — sem precisar que isso se transforme numa boa história. Se nada tiver para lhe dizer quando nos encontrarmos e você me perguntar o que vem acontecendo, quero poder, com tranquilidade, não ter nada para contar. Quero ser capaz de ocupar todos os espaços da minha vida e fazer com que isso seja suficiente.
Há lugares em mim jamais tocados pelo bálsamo calmante do descanso. Anseio por uma pequena trégua no esforço por alcançar um momento de doce tranquilidade, de silenciosa escuridão, o grande silêncio que possa penetrar e desfazer os pequenos e estreitos nós das tentativas sem fim. Quero parar de correr do meu próprio cansaço. Almejo querer e ser capaz de me mover apenas com a rapidez que me for possível, permanecendo ainda vinculada ao impulso do movimento que vem do fundo de mim mesma, detendo-me quando tiver perdido aquele tênue fio do desejo e tendo a coragem e a fé para esperar, imóvel, até encontrá-lo novamente.

Isso é o que mais desejo: intimidade comigo mesma, com os outros e com o mundo, intimidade que toque o sagrado em tudo que é vida. Essa aspiração, esse anseio é o lio que me conduz de volta, pelo labirinto dos compromissos que assumi, aos desejos da minha alma. E algumas vezes lenho medo de meus desejos — medo do que eles venham a me pedir, da visão que ofereçam de mim mesma ou do mundo, e que possam exigir um sacrifício do meu modo de ver as coisas, tão cuidadosamente cultivado. Se nunca nos deixarmos consumir pelo fogo transformador de nossos desejos, corremos o risco de nos apaixonarmos pela doce aspiração de ansiar, pela fantasia do "que tal se..." ou "quem sabe algum dia...".

A disposição de viver nossos desejos exige coragem. Quantas vezes esses desejos foram usados contra nós, usados para nos vender algo que alguém queria que comprássemos. Para que pudéssemos caminhar em direção ao desejo de um compromisso profundo com o Espírito, venderam-nos a obediência cega. Para que nos abríssemos para nosso desejo de amor, venderam-nos o abandono do eu. Para que buscássemos abraçar nosso desejo de beleza, venderam-nos tudo — de carros a roupas, de férias exóticas a operações plásticas. Venderam-nos um estilo de vida, quando o que nossa alma desejava era a vida.

Para experimentar nosso desejo, sentir nossa aspiração mais profunda, corremos o risco de encontrar os desejos de nossa alma. Corremos o risco de deixar de satisfazer esses desejos. Corremos o risco de vivê-los plenamente.

domingo, 25 de novembro de 2007

Lampironicos - Maracatu metal eletrônico!



Asssiti um show desta banda no sesc pompéia, na mostra "prata da casa" no ano passado.

Se quiser saber mais, assista o programa encarte 15:

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Escutatória - Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar.

Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.

Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia e que de tão linda nos faz chorar.

Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Convite 02 - Meditação Inicial

Sente-se ou deite-se em posição confortável e concentre-se na respiração, observando a entrada e a saída do ar no corpo, deixando os músculos relaxarem a cada expiração. Repita por doze vezes, apenas acompanhando o subir e o descer do corpo a cada respiração.

Concentre sua atenção agora em algo que deseja realizar e que não faz habitualmente parte de sua vida. Seja específico e concreto. Tente imaginar, em detalhes, a aparência que teria e a sensação que daria. Talvez seja meditar ou se exercitar diariamente, aprender alguma coisa nova ou fazer algo criativo — dançar, pintar, escrever, cantar —, ou simplesmente ser mais paciente com aqueles que você ama. Escolha algo que tenha significado para você.

Veja-se iniciando essa atividade. Imagine, em condições ideais, o estado de espírito, o estado físico e emocional necessários para começar. Como deseja estar se sentindo mental, emocional e fisicamente no início? Imagine-se nas condições ideais que deseja ter para começar. Mantenha-se nesse estado pelo tempo de algumas respirações.

Tome consciência agora de como está se sentindo mental, emocional e fisicamente neste momento. Sinta a distância, se é que existe, entre o lugar em que deseja estar quando começar a viver esse aspecto da sua vida e o lugar em que se encontra agora. Imagine dois eus: um nas condições ideais em que gostaria de se sentir para começar e o outro exatamente como está, talvez mais cansado, menos inspirado, menos calmo ou mais distraído do que deseja estar. Concentre a atenção em sua inspiração e expiração e reserve alguns momentos para sentir, sem julgar, a distância entre o lugar em que está e aquele em que gostaria de estar — ou acha que deveria estar — para começar.
Agora imagine-se iniciando o que desejou fazer desde o começo, principiando de onde está, imediatamente. Veja-se fazendo isso — meditando, se exercitando, sendo mais paciente com alguém que ama, aprendendo alguma coisa, fazendo algo criativo —, exatamente como está, talvez um pouco cansado, distraído, agitado ou sem inspiração.

Não se afaste da forma como está se sentindo. Relaxe e aceite as coisas como elas são e imagine-se fazendo o que deseja fazer, talvez não tão perfeitamente, não nas condições ideais que pensou de início, mas, de qualquer modo, fazendo. Solte-se a cada expiração. Permita-se sentir exatamente como se sente. Comece a partir desse ponto.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Journey - Don’t Stop Believin’



Just a small town girl, livin in a lonely world
She took the midnight train goin anywhere
Just a city boy, born and raised in south detroit
He took the midnight train goin anywhere

A singer in a smokey room
A smell of wine and cheap perfume
For a smile they can share the night
It goes on and on and on and on

Strangers waiting, up and down the boulevard
Their shadows searching in the night
Streetlight people, living just to find emotion
Hiding, somewhere in the night

Working hard to get my fill,
Everybody wants a thrill
Payin anything to roll the dice,
Just one more time
Some will win, some will lose
Some were born to sing the blues
Oh, the movie never ends
It goes on and on and on and on

(chorus)

Dont stop believin
Hold on to the feelin
Streetlight people



Não pare de acreditar

Apenas uma menina pequena da cidade, vivendo num mundo solitário
Ela pegou o trem da meia-noite que vai para qualquer lugar
Apenas um menino da cidade, nascido e crescido no sul de Detroit
Ele pegou o trem da meia-noite que vai para qualquer lugar

Uma cantora em um quarto fumegante
O cheiro do vinho e do perfume barato
Por um sorriso eles podem compartilhar a noite
É assim sem parar sem parar sem parar

{Refrão}
Estranhos esperando, indo e vindo pelo jardim
Suas sombras procurando pessoas na noite
Vivendo apenas para encontrar emoção
Se escondendo em algum lugar

Trabalhando duro para sobreviver
Todos querem uma emoção
Pagando qualquer coisa para poder lançar os dados
Apenas mais uma vez

Alguns ganham, alguns perdem
Alguns nasceram para cantar blues
Oh, o filme nunca acaba
É assim sem parar sem parar sem parar

{Refrão}
Não pare de acreditar
Se prenda naquele sentimento
Seres luminosos das ruas

Convite 01 - Dizendo Sim ao Convite

De vez em quando vivemos momentos de verdadeira graça.

Durante a meditação da manhã, às vezes um espaço se abre dentro de mim e partes que eu nem sequer sabia que existiam se soltam. Nesses momentos, sinto todos os pontos rígidos do coração e do corpo cederem a uma grande suavidade trazida pela respiração e me sinto tomada de compaixão por uma parte minha que está sempre tentando, sempre organizando, resolvendo problemas, prevendo. Minha mente pára e simplesmente acompanha a respiração. Uma grande fé me purifica, uma certeza de que tudo que tem de ser feito será feito. Meus ombros pendem cerca de dois centímetros, a dor leve, familiar, que sinto no peito diminui e o momento se prolonga. Há bastante: bastante tempo, bastante energia, bastante de tudo que é necessário. Uma grande ternura por mim mesma e pelo mundo me invade e eu sei que pertenço a esse tempo, a essas pessoas, a essa Terra, e a algo que está dentro de tudo isso e é maior que tudo isso, algo que nos sustenta e nos acolhe a todos. Não quero estar em nenhum outro lugar. Sou tomada por um desejo de compromisso e compaixão por mim mesma e pelo mundo.

Levanto-me então da almofada e começo meu dia sem pressa. Ao entrar no banheiro, percebo por um instante o meio sorriso silencioso em meu rosto se transformando numa expressão de desgosto quando a água fria encharca minhas meias imaculadamente brancas. Toda a aparência de elegante tranquilidade se dissipa num grito agudo e mortal quando examino as consequências do banho de meus filhos adolescentes: poças de água no chão de cerâmica, várias toalhas úmidas empilhadas num canto, outras retorcidas nos porta-toalhas em configurações que não lhes possibilitariam estar secas antes do final do milênio, a cortina do boxe metade para dentro, metade para fora da banheira, embolada e dobrada para facilitar ao máximo o crescimento do mofo.

Mais tarde, depois de limpar tudo, já sentada na cozinha com uma xícara de chá quente, meu filho mais jovem, Nathan, se dirige a mim:

— Eu sei que não devíamos deixar o banheiro nessa bagunça, mamãe — ele diz cuidadosamente, tentando parecer sensato —, mas acho bastante normal um adolescente deixar toalhas molhadas no chão. Não que devêssemos fazer isso — acrescenta rapidamente, recebendo meu olhar agudo por sobre a borda da xícara —, mas, se essa é a pior coisa que fazemos, você não tem motivo para se preocupar tanto, não acha?
Não posso deixar de rir. É claro que ele está certo.

Essa é a realidade que vivemos: ao procurar fazer o melhor possível, desejando encontrar, e algumas vezes encontrando, significados e vínculos em nós mesmos e em tudo que é maior do que nós, somos aniquilados por banheiros em desordem, congestionamentos de trânsito e torradas queimadas. Não estou interessada numa espiritualidade que não possa abranger meu lado humano. O dogma tradicional ou o otimismo irrestrito da Nova Era pouco me confortam ou orientam. Porque por baixo das pequenas tentativas do cotidiano existem paradoxos mais cruéis, coisas que a mente não consegue conciliar, mas que o coração tem de suportar se quisermos viver plenamente: cansaço intenso e esperança radical, crenças abaladas e fé implacável, os desejos aparentemente contraditórios de liberdade pessoal e de um sério compromisso com os outros, de solidão e intimidade, da capacidade de simplesmente estar com o mundo e da necessidade de mudar aquilo que sabemos ser inadequado à nossa maneira de viver.

O Convite é uma declaração de intenções, um mapeamento dos anseios da alma, do desejo de viver apaixonadamente, cada um cara a cara consigo mesmo e com a pele colada ao mundo que nos cerca, não aceitando senão o que é real. Este livro é uma jornada pelo território traçado pelo Convite. Antes de decidirmos cruzar esse território juntos, alguns pontos devem ficar claros. Porque simplesmente dizer "sim" ao Convite, sentindo o impulso do coração ou a aceleração sanguínea exigindo que avancemos, não é o mesmo que fazer de fato a caminhada.

Quero viver em profunda intimidade cada dia da minha vida. Sou guiada, algumas vezes conduzida, por um desejo de correr os riscos necessários que irão me permitir viver perto daquilo que está em mim e ao meu redor. Algumas vezes temo que possa ser demais, que eu não tenha ou venha a ter o que é necessário para suportar tudo isso, a sensível beleza e o terrível sofrimento de estar plenamente vivo. Sabendo o quanto a beleza, assim como a dor podem ser assustadoras, faço aqui, no início dessa caminhada, três promessas, que são ao mesmo tempo três advertências.

Primeiro, as situações mencionadas em O Convite não são metafóricas. São reais. Quando digo que quero saber se você é capaz de se levantar, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, e fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos, não quero saber se tem boas intenções ou se pode pagar alguém para cuidar daqueles que necessitam da sua atenção. Quero saber se você é realmente capaz de se levantar quando nada em você deseja fazer outra coisa a não ser ficar debaixo das cobertas. Quero saber se é capaz de cumprir as tarefas pequenas e comuns, porém indispensáveis, se é capaz de dar o que é necessário quando sente que já não lhe resta nada para dar. Quando pergunto se é capaz de ficar só com você mesmo, não estou perguntando se a idéia de ficar só o agrada, mas se consegue, de fato, ficar sozinho por algumas horas, sem ligar a TV ou o rádio, sem pegar o telefone ou uma revista, se é realmente capaz de encontrar sua própria companhia e ficar em paz com ela.

Assim, a primeira advertência é também a primeira promessa: se este livro tiver êxito e conseguir levá-lo para dentro do território do Convite, você irá experimentar a dor, a tristeza, a alegria, a coragem e a paz, em vez de apenas ler a respeito delas.
As histórias pessoais que divido com os leitores não são importantes em si. Todos temos mil histórias e minha vida não teve nem mais nem menos do que outras. Porém, histórias cuidadosamente escolhidas e elaboradas, tanto por quem conta quanto por quem ouve, podem abrir caminhos para nossa paisagem interior, podem dar a conhecer o significado de nossas vidas, presente nos detalhes e revelado em seu relato e na sua contemplação consciente. Prometo que não fingirei saber algo que não experimentei. Tampouco tentarei aumentar nosso conforto recíproco fingindo estar confusa quando não estiver.

Isso nos leva à segunda advertência e promessa: as consequências dos momentos de profunda intimidade com você mesmo, com outros ou com o mundo são totalmente imprevisíveis. Quando aprendemos a estar de fato presentes, com nossa alegria e nossa tristeza, com nossos anseios e nossos desejos, camada após camada de nós mesmos e do mundo são reveladas. Não podemos saber por antecipação como será essa revelação ou que tipo de atitude ela irá nos inspirar ou nos levar a tomar. Em workshops que coordenei, observei participantes, depois de se aproximarem da intimidade que esperavam ter com seus próprios desejos e sentirem no vento o aroma da mudança anunciada, darem as costas e fugirem daquilo que tinham vindo procurar — um vínculo mais profundo consigo mesmos e com o espírito — por medo do que isso exigiria deles. Se baseamos parte da vida em mentiras, ou em verdades que não mais se sustentam, não importa se bem-intencionados ou inconscientes, as mudanças provocadas pela intimidade podem ser muito perigosas. Não podemos antecipar que aspectos, se é que há algum, do nosso cuidadosamente construído sentido de "eu" irão sobreviver. Essa é a boa notícia, e a má também: se você decidir fazer a caminhada, uma mudança real será possível e inevitável e, desse ponto de vista, totalmente imprevisível.

A terceira advertência contém ainda outra promessa: nenhum trecho da caminhada será desperdiçado. Uma vez que reconheça em você mesmo um desejo intenso de algo mais que tão-somente continuar, uma vez que experimente ainda que apenas a possibilidade de tocar o sentido oculto de sua vida, jamais se contentará por completo em exclusivamente acompanhar os movimentos. Não há retorno possível. Não se pode destruir o que se aprendeu. A sabedoria alcançada em momentos de intimidade verdadeira penetra a alma com o conhecimento de quem e do que somos. Ela nos transforma.

Não posso prometer que a caminhada será sempre fácil. Abrir-nos para a convivência íntima com o mundo não é um processo seletivo. Se nos recusarmos a tocar os pontos em que há tristeza ou caos, em nós mesmos ou nos outros, não poderemos cultivar a capacidade de estar completamente presentes em nossos momentos de alegria e êxtase. Mas, se nos abrirmos à tristeza, tanto quanto à alegria, poderemos ampliar nossa capacidade de nos abrigar e ao mundo em nossos corações.

Sei que podemos fazer isso, pois experimentei e observei em outros a capacidade de penetrar e de abraçar cada um dos espaços de intimidade invocados pelo Convite. Posso afirmar que é possível sentir dor sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la, dançar com alegria e sentir o êxtase completo, conviver com o fracasso, ver a beleza, ficar no centro do fogo... Vivi cada uma dessas etapas sem lamento e minha experiência me trouxe uma grande fé no espírito humano. Minha experiência gerou em mim uma ternura infinita pela coragem do coração humano, o meu e o seu, que será capaz de se reerguer infinitas vezes e de se expandir a ponto de acolher tudo que importa, mesmo quando isso possa parecer, à mente humana, insuportável ou simplesmente impossível.

Nós podemos fazer isso. E é mais fácil quando fazemos juntos. Quando dava à luz meu primeiro filho, meu companheiro — tão inexperiente e angustiado quanto eu pela intensidade das dezesseis horas de trabalho de parto — tentava me acalmar dizendo que tudo caminhava conforme o previsto e que eu estava bem. Dividida entre o medo do que ainda estava por vir e a dor do momento, eu me sentia mal.

— Como pode saber? — retruquei, e ambos olhamos para a parteira.

Quando ela nos assegurou que tudo estava bem e lembrou-nos que devíamos ficar atentos à respiração, nós a ouvimos. Ela sabia. Ela estivera ali muitas vezes antes. Era em seu conhecimento, nascido da experiência, que nós confiávamos. Faremos nascer aqui uma intimidade mais profunda com nossas vidas e nosso mundo. Eu sou a parteira que fez inúmeros partos e gerou seus próprios filhos. Nos momentos de dificuldade, eu farei você lembrar aquilo que já sabe: que pode fazer isso, que a coragem de ir mais fundo consiste em permitir que o desejo cresça mais que o medo, que a força reside no anseio de viver plenamente, na vontade de não aceitar nada menor. Não deixarei você em suspenso nas passagens que possam ser difíceis, mas o levarei até os lugares onde a respiração seja mais fácil, oferecendo de vez em quando preces e meditações que poderá usar para descansar e refazer seu corpo e seu coração.

Não estamos sós quando lutamos para nos abrir totalmente à vida. Quando sou capaz de viver em verdadeira intimidade, quando estou atenta a cada instante e não me afasto do que é real, experimento uma presença que não é a minha apenas, que me invade mesmo quando eu domino o momento. Essa presença, esse Grande Mistério, conhecido por tantos nomes diferentes — Deus, Espírito, Alá, Grande-Mãe —, me eleva, me enche de um vasto silêncio e de um sentido aguçado em relação à interconexão de toda a vida. Tenho fé nesse Mistério e nas muitas maneiras que ele possui de nos amparar.

Antes de iniciarmos essa caminhada juntos, você tem o direito de saber o que me motiva, por que busco viver em intimidade com minha própria vida e com o mundo. A resposta mais verdadeira é a mais simples: porque preciso. Sou forçada por uma profunda necessidade da alma, movida por um desejo, que não me deixará só, de viver a vida plenamente. E eu sei que isso não significa trabalhar sem cessar, cumprir o máximo de tarefas ou consumir a maior quantidade e variedade possíveis de coisas e experiências. Significa saborear cada bocado, sentir cada respiração, ouvir cada canção, alerta e consciente de cada momento que se abre.

Viver plenamente o presente não significa negligenciar as consequências das atitudes que tomamos para o futuro. Se nós, no Ocidente, onde reside grande parcela do poder político e econômico do mundo, quisermos encontrar um modo de promover as mudanças necessárias para garantir que os filhos de nossos filhos possam viver neste planeta, teremos de aprender a participar totalmente de nossas vidas, a lembrar e experimentar a interconexão de todo espírito e de toda matéria. Busco a sabedoria numa vida que combine contemplação e ação. A verdadeira contemplação — viver de fato as alegrias e tristezas do meu coração e do mundo — me leva à ação, guiada pela consciência e impulsionada por uma paixão pela vida.

Não estamos oferecendo barganhas. Não se pode trocar a coragem necessária para viver cada momento pela imunidade frente às tristezas da vida. Podemos dizer que sabemos disso, mas a idéia da barganha domina nossa cultura. Desde a infância, assimilamos a crença de que há sempre um bom negócio a ser fechado, uma pechincha a ser conseguida. Finalmente, acreditamos que, se fizermos tudo corretamente, se formos suficientemente bons, espertos, sinceros e trabalharmos bastante, seremos recompensados. Os versos dessa canção variam — se você se arrepender de seus pecados e se empenhar em não pecar de novo, irá para o céu. Se fizer seus deveres cotidianos, controlar sua dieta, curar a criança que há em você, resolver todas as suas questões emocionais, concentrar-se em seus objetivos, colocar-se em sintonia com o mundo ao seu redor, apurar suas afirmações, encontrar e ouvir a voz do seu eu superior, você será recompensado com saúde perfeita, prosperidade abundante, relações afetuosas e paz interior — em outras palavras, o céu!

Sabemos que aquilo que fazemos e o modo como pensamos afetam a qualidade de nossas vidas. Muitas coisas dependem claramente de nós. E muitas outras não. Não me parece evidente que o universo funcione num sistema de causa e efeito baseado no mérito. Muita coisa ruim acontece a pessoas boas — o tempo todo. O sucesso financeiro realmente chega para alguns que fazem o que não amam, assim como para alguns que não querem ou são incapazes de ver o mal que causam ao planeta e aos outros. Muitos grandes artistas foram pobres. Excelentes professores viveram na obscuridade.
Meu convite, o desafio que faço, é caminhar para uma intimidade maior com o mundo e com sua vida, sem qualquer promessa de segurança ou garantia de recompensa além do valor intrínseco da participação plena. Para nos ajudar ao longo desse caminho, ofereço meditações ao final de cada capítulo. Essas meditações não são receitas destinadas a remediar as dificuldades e infelicidades de nossas vidas e de nosso mundo, mas me ajudaram, bem como àqueles com quem trabalhei, a nos desenvolver e a viver em intimidade com nós mesmos e com o mundo. Você pode lê-las lentamente e gravá-las para ouvir depois, ou pedir que um amigo as leia para que você possa acompanhá-las.

A vida vivida intimamente pode não ser mais fácil. Mas é mais completa, mais rica e mais aberta a tudo: à desordem e ao discernimento, à excitação e ao tédio, à sombra e à luz. E, de algum modo, aumentar minha capacidade de simplesmente viver com tudo isso torna, de fato, o que é difícil mais fácil de suportar, permitindo-me dar e receber mais a cada momento. Frequentemente isso simplesmente me ajuda a encontrar meu senso de humor quando estou me levando a sério demais, a rir quando constato o quanto a maravilhosa serenidade do momento de meditação pode ser abalada pela sensação corriqueira da água fria encharcando minhas meias.

Escrevi O Convite ao voltar de uma festa, bem tarde. Estava agitada, decepcionada com uma noite gasta com a costumeira conversa social. Inquieta, sentei-me à mesa de trabalho, no escuro, e pus-me a ouvir os sons ao meu redor pouco a pouco diminuírem à medida que a cidade se acomodava para dormir. Ali, no silêncio, recebendo no quarto a luz pálida de uma lâmpada da rua, peguei uma caneta e escrevi o que de fato gostaria de ter dito às pessoas com quem tinha estado naquela noite, usando como modelo um exercício de redação que tinha aprendido num workshop.

Quando terminei, sentei-me na penumbra e li o que tinha escrito em voz alta para a cidade adormecida. Ouvi meu anseio de estar plenamente com os outros. E no silêncio que se seguiu, escutei a voz do mundo, que algumas vezes penso perceber tarde da noite, pedindo que me lembrasse desse anseio.

Quando me imagino velha, no final da vida, e me pergunto como avaliarei meu tempo neste mundo, uma questão apenas me preocupa: fui capaz de amar bem? Há mil maneiras de amar outras pessoas e ao mundo — com nosso toque, nossas palavras, nossos silêncios, nosso trabalho, nossa presença. Quero poder amar bem. Essa é a minha aspiração. Quero demonstrar amor pelo mundo, pelo meu modo de viver e pela minha convivência cotidiana comigo mesma e com os outros. Procuro então aumentar minha capacidade de viver com a verdade a cada momento, de estar com o que conheço, o doce e o amargo. Quero permanecer consciente da imensidão do que não sei. Isso é o que me leva à caminhada. Não quero viver de nenhuma outra maneira.

Algumas vezes imagino que cada momento em que amamos bem, simplesmente sendo tudo aquilo que somos e estando totalmente presentes, nos permite devolver algo essencial ao Sagrado Mistério que mantém toda a vida.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

The The - This is the day



The the infelizmente é daquelas bandas de uma musica só (posso cometer uma injustiça aqui, mas ouvi praticamente todos os albuns e realmente pouca coisa se salva). Mas como this is the day, coloco esta como a minha trilha sonora.

Dia de aniversário que estou dedicando ao trabalho, a semear um ano novo de mais foco e clareza de visão, para escolher de forma mais criteriosa o que vou ou não fazer, sobretudo evitar compromissos que não estejam alinhados com a minha direção profissional ou pessoal.

Foi um ano dificil, bem de acordo com os relatos que ouvi de quem passou pelos 33. Um ano do qual eu saio amadurecido.

This is the day

Well... you didn't wake up this morning,
'cause you didn't go to bed.
You were watching the whites of your eyes turn red.
The calendar on your wall is ticking the days off.

You've been reading some old letters.
You smile and think how much you've changed.
All the money in the world couldn't buy back those days.

You pull back the curtains, and the sun burns into your eyes.
You watch a plane flying across a clear blue sky.
This is the day your life will surely change.
This is the day when things fall into place.

You could've done anything, if you'd wanted.
And all your friends and family think that you're lucky.
But the side of you they'll never see
Is when you're left alone with the memories
That hold your life together like -- GLUE

You pull back the curtains, and the sun burns into your eyes,
You watch a plane flying across a clear blue sky.
This is the day your life will surely change.
This is the day when things fall into place.

Este é o dia

Bom você não acordou esta manhã, porque você nem foi para cama.
Você ficou observando o branco dos seus olhos ficarem vermelhos
O calendário na sua parede está tiquetaqueando até os dias de folga.
Você andou lendo umas velhas cartas, você sorri e pensa o quanto você mudou,
Todo dinheiro do mundo não traria de volta aqueles tempos

Você puxa as cortinas e o sol queima os seus olhos
Você vê um avião voar através do claro céu azul

Hoje é o dia, em que sua vida realmente vai mudar.
Hoje é o dia, em que as coisas vão se encaixar.
Você poderia ter feito qualquer coisa, se você quisesse
E todos os seus amigos e familiares acham que você é sortudo
Mas há um lado em você que eles nunca conhecerão
É quando você está sozinho com suas memórias
Que une as peças de sua vida como cola

Você puxa as cortinas e o sol queima os seus olhos
Você vê um avião voar através do claro céu azul

Hoje é o dia, em que sua vida realmente vai mudar.
Hoje é o dia, em que as coisas vão se encaixar.

Hoje é o dia ( hoje é o dia),
Em que sua vida vai realmente mudar.

domingo, 11 de novembro de 2007

Quella Vecchia Locanda


Este é o primeiro album da banda italiana de rock progressivo Quella Vecchia Locanda, de 1972. Um album ao mesmo tempo delicado e com muita atitude, progressivo belo e tranquilo com temas classicos, violinos, músicas bem executadas, o teclado tipico dos anos 70 alinhado com flautas, violinos e violão. Vocais muito expressivos, texturas harmonicas.

Musica de envolver a gente, de deixar os pés batendo no ritmo.

Minha descoberta da semana, que toca no meu carro lado a lado com o Rick Wakeman de que falei há alguns dias.

sábado, 10 de novembro de 2007

Marillion e Fish

Continuando com o movimento Remember dos sons progressivos, apresento Fish. Um pouco sobre ele, retirado da Wikipedia.
Derek William Dick, melhor conhecido como Fish (nascido em 25 de abril de 1958 em Dalkeith, Midlothian), é um vocalista e compositor escocês de rock progressivo e ocasionalmente também ator. Após uma breve carreira como jardineiro, tornou-se famoso em 1981 com a banda de rock progressivo Marillion, da qual saiu em 1988. Ele é algumas vezes comparado a Peter Gabriel: possuem timbres vocais parecidos, ambos passaram seis ou sete anos em um destacado grupo de rock progressivo britânico, vestindo maquilagem e fantasias no palco, ambos deixaram o grupo para seguir carreira solo. Além disso, em ambos os casos os fans dos grupos consideram que o período no qual estavam em suas respectivas bandas foram os melhores do grupo.

Considera-se que os maiores talentos de Fish eram derivados de suas letras, introspectivas, geralmente lidando com temas pessoais como seus vícios.
Um primeiro video, do marillion, uma musica bastante conhecida, kayleigh:



Trecho interessante:
Kayleigh I just wanna say I'm sorry
But Kayleigh I'm too scared to pick up the phone
To hear you've found another lover to patch up our broken home


O video abaixo é do clip "Brother 52" já na carreira solo.



Trecho interessante:
A man got a right to wonder, a man got a right to dream,
Without looking over his shoulder to choose the manner of the life he leads.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

The Who - You Better You Bet



Ando, como percebem, bem musical estes meses... aqui vai uma musica que eu curto muito, simples e divertida, como de vez em quando a vida deve ser.

You Better You Bet

You better you better you bet.
You better you better you bet.
You better you better you bet.
You better you better you bet.

I call you on the telephone my
voice too rough with cigarettes.
I sometimes feel I should just go home
but I'm dealing with a memory that never forgets

I love to hear you say my name
especially when you say yes
I got your body right now on my mind
but I drunk myself blind to the sound of old T-Rex,Mmmmm
To the sound of old T-Rex oh,and Who's Next

Chorus:

When I say I love you you say you better
You better you better you bet
When I say I need you you say you better
You better you better you bet
You better bet your life
Or love will cut you,cut you like a knife

I want those feeble minded axes overthrown
I'm not into your passport picture, I just like your nose
You welcome me with open arms and open legs
I know only fools have needs, but this one never begs

I don't really mind how much you love me
Ooh, a little is alright
When you say
come over and spend the night
Tonight
Tonight

Chorus:

When I say I love you, you say you better
You better you better you bet
When I say I need you, you say you better
You better you better you bet
You better bet your life
Or love will cut you,cut you like a knife

I lay on the bed with you
We could make some book of records
Your dog keeps licking my nose
And chewing up all those letters
Saying "you better"

You better bet your life

You better love me, all the time now
You better shove me back into line now
You better love me, all the time now
You better shove me back into line now.

I showed up late one night
with a neon light for a Visa
But knowing I'm so eager to fight
can't make letting me in any easier

I know I been wearing crazy clothes
and I look pretty crappy sometimes
But my body feels so good
and I still sing a razor line everytime.

And when it comes to all night living
I know what I'm giving
I've got it all down to a tee
And it's free.

Chorus:

When I say I love you, you say you better
You better you better you bet
When I say I need you, you say you better
You better you better you bet
When I say I love you, you say you better
You better you better you bet
When I say I need you, you scream you better,Ooooo!
You better you better you bet
When I say I love you, you say you better
You better you better you bet
When I say I need you, you say you better
You better you better you bet
When I say I love you, you say you better
You better you better you bet
When I say I need you, you scream you better
You better you better you bet

You better bet your life
Or love will cut you, just like a knife

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Reflexões pré aniversario, uma carta a uma amiga.

Oi amiga,

Eu poderia te escrever um e-mail, mas quero que esta mensagem te pegue de surpresa. Antes ia te falar por telefone, mas por sorte não consegui, de modo que o que sinto escolheu um caminho mais lirico para se expressar.

Sabe, amada, ler suas palavras de manhã, compartilhar do seu grito de liberdade e alegria sufocado me trouxe uma certa tristeza e uma certa esperança. Tristeza pelo momento dificil, esperança por saber que neste mesmo momento você segue obstinada em sua essência, sem se deixar adoecer, sem se anestesiar perante o mundo de exigências, mesquinharias, falsidades e desamor.

Eu que andava recolhendo as minhas esperanças, encontrei um punhado delas. Encontrei em musicas, em atitudes, no fazer e no não fazer.

Olhei no espelo e me vi envelhecido. Uma mecha de cabelos brancos crescida no alto de minha testa, um olhar que não tinha mais certeza do que iria fazer em seguida. Lancei um olhar critico sobre a figura do espelho: terá sentido esta minha vida? O tempo gasto em aprendizado, o tempo gasto em diversão, o tempo dedicado ao trabalho, a sonhos que mudam de posição o tempo todo?

Quando a gente abandona o caminho que os outros escrevem para a gente, fica essa sensação de andar no escuro. As vezes um tanto faz seguir por um lado ou pelo outro: sempre tem um pensamento que vai apoiar e outro que vai negar... Crescer? Conservar a inocência? Trabalhar e construir? Curtir a vida com intensidade? Vivê-la sem pressa? Um carrão ou um carrinho? Tesão ou carinho? Paixão ou amor?

Eu olho e vejo as tantas coisas que quero mudar, mas não consigo. Ouço as pessoas me dizendo para me cuidar mais, para comer mais devagar, para emagrecer. Ouço uma voz que reconheço como a minha me pedindo para mudar o mundo, para me engajar em (mais) uma causa. Volto a Oriah: porque é tão raro eu querer ser quem eu realmente sou ao invés de querer ser quem eu quero ser? Até porque quem eu quero ser muda tanto...

Mas quem tem amigos não se perde, não corre o risco de enlouquecer. Essa teia de amor que nos mantem colados pela responsabilidade que temos: de manter a energia circulando entre nós, porque a todo momento podemos fazer a diferença na vida das pessoas, o que já é uma causa e tanto.

Foi um dia bom, de reflexão interna, preguiça e auto-indulgencia pela manhã, uma boa reunião de trabalho à tarde (uma dose de o gordo e o magro em um novo e bom cliente) e de telefonemas para pessoas queridas, ouvindo boas noticias, reatando laços.

Percebi que as mudanças na vida têm de seguir devagar. Pequenos passos, pequenos esforços possiveis. Seguir em um ritmo constante rumo a nós mesmos.

Decidi o que farei no meu aniversário: vou passar o fim de semana com minha família. Pedir uma comida boa para minha mãe, pedir a companhia da minha irmã, sobrinha e cunhado, curtir o meu velho herói que retornou da obliteração. Não quero muito mais que isso: conviver e contar histórias, sem TV e sem computador.

Eu sei que você me compreende, porque também tem o coração alado, que como eu talvez sofra mais que os outros. Mas lembre-se que a gente também ama com mais intensidade por não viver num permanente outono, no crepusculo sem fim de quem escolhe uma vida mais ou menos. A gente guarda essa memória de quando voava de mãos dadas com os anjos, ouvindo a música das esferas. E se olhar através da dor, enxerga essa... nostalgia de tempos anteriores ao nosso nascimento. Com ela a ternura de saber que no momento certo retornaremos ao nosso lar, enriquecidos por nossa experiência, felizes por termos passado tantos momentos especiais de mãos dadas ou de corações conectados apesar da distância.

A cada dia encontro um pedaço de mim nos outros. Hoje foi a sua vez de contribuir para um pouco de mim, eu que em meus mergulhos vez por outra me despedaço.

Joseph Arthur - In The Sun



I picture you in the sun wondering what went wrong
And falling down on your knees asking for sympathy
And being caught in between all you wish for and all you seen
And trying to find anything you can feel that you can believe in

May gods love be with you
Always
May gods love be with you

I know I would apologize if I could see your eyes
cause when you showed me myself I became someone else
But I was caught in between all you wish for and all you need
I picture you fast asleep
A nightmare comes
You cant keep awake

May gods love be with you
Always
May gods love be with you

cause if I find
If I find my own way
How much will I find
If I find
If I find my own way
How much will I find
You

I dont know anymore
What its for
Im not even sure
If there is anyone who is in the sun
Will you help me to understand
cause I been caught in between all I wish for and all I need
Maybe youre not even sure what its for
Any more than me

May gods love be with you
Always
May gods love be with you



Ao sol - Joseph Arthur

Eu te vi no sol querendo saber o que deu errado
e caindo de joelhos pedindo por simpatia
e sendo pega entre tudo que voce desejou e tudo que voce viu
e tentando encontrar alguma coisa em que voce possa acreditar

que o amor de deus esteja contigo
sempre
que o amor de deus esteja contigo

Eu sei que eu pediria desculpas se eu visse seus olhos
Porque quando você me fez com que eu me enxergasse, me tornei outra pessoa
mas eu fui pego entre tudo que vc desejou e tudo q vc viu
eu te vi dormindo
tendo um pesadelo
e nao conseguindo ficar acordada

que o amor de deus esteja contigo
sempre
que o amor de deus esteja contigo

Pq se eu encontrar
se eu encontrar minha propria maneira
o quanto eu vou realmente encontrar
se eu encontrar
se eu encontrar minha propria maneira
o quanto eu vou realmente encontrar
você

eu nao sei mais
o porquê
eu nao tenho nem mesmo certeza
se há mesmo alguem no sol
você vai me ajudar a entender?
porque eu fui pego entre tudo o que eu desejo e tudo que eu preciso
talvez você não tenha nem mesmo certeza do porque disto
não mais que

que o amor de deus esteja contigo
sempre
que o amor de deus esteja contigo


* Aqui simpatia pode ter um sentido de clemência

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Supertramp - Logical Song



When I was young
It seemed that life was so wonderful
A miracle, oh it was beautiful, magical
And all the birds in the trees
Well they'd be singing so happily
Oh joyfully, oh playfully watching me

But then they sent me away
To teach me how to be sensible
Logical, oh responsible, practical
And they showed me a world
Where I could be so dependable
Oh clinical, oh intellectual, cynical

There are times when all the world's asleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am

Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable

At night when all the world's asleep
The questions run soo deep
For such a simple man
Won't you please, please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am, who I am, who I am, who I am





A canção lógica

Quando eu era jovem,
Parecia que a vida era tão maravilhosa,
Um milagre, oh ela era tão bonita, mágica.
E todos os pássaros nas árvores,
Eles cantavam tão felizes,
Alegres, brincalhões, me olhando.

Mas aí eles me mandaram embora,
Para me ensinar a ser sensato,
Lógico, responsável, prático.
E mostraram um mundo
Onde eu poderia ser dependente,
Doente, intelectual, cínico.

Tem vezes, quando todo mundo dorme,
As questões correm profundas demais
Para um homem tão simples.
Por favor, me diga o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo,
Mas por favor me diga quem eu sou.

Eu digo:
Agora cuidado com o que você diz,
Ou eles estarão te chamando de radical,
Liberal, fanático, criminoso
Você não vai assinar seu nome,
Gostaríamos de sentir que você é
Aceitável, respeitável, aprensentável, um vegetal !

À noite,quando todo mundo dorme,
As questões correm tão profundas
Para um homem tão simples.
Por favor, me diga o que aprendemos
Eu sei que soa absurdo, Mas por favor me diga quem eu sou.
Quem eu sou...