terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mais algumas reflexões sobre a liberdade.

Este é um post resultado de uma conversa e de uma troca de e-mails, mais do mesmo para quem acompanha este blog.

Primeiro eu estou num momento dedicado apenas ao trabalho, os meus desejos e anseios por experiências escolhi deixar por hora adormecidos.

Um período de alguns meses de vida simples e focada. Se em algum momento eles despertarem, por escolha minha, vivência ou pelo beijo da princesa encantada, lido com eles como puder, sem maiores planos. Em parte porque duas quase mudanças me acenaram com mudanças grandes demais, que não quero pelo menos agora, ou pelo menos não de uma forma tão radical.

Bom, os papos que tive tinham a ver com separações, assunto que eu conheço. Pessoas cujas vidas seguem em constante transformação.

Uma vez ouvi que os as mulheres casam com os homens esperando que eles mudem... e eles não mudam. E que os homens se casam com as mulheres esperando que elas não mudem... e elas mudam.

Só que as vezes as mudanças são muito rápidas, para o parceiro e pra gente mesmo. Como lidar com isso? Acho que só a verdade e o diálogo conseguem amenizar... se a nossa companhia tiver este mesmo empenho, este desapego ao que existe. Mas é compreensivel a resistência... é como se fizéssemos um investimento em um banco. Colocamos energia psíquica, tempo, dedicação, em busca de obter algo que pudesse nos render dividendos para sempre.

É comum, principalmente para as mulheres, deixar a vida afetiva de lado para construir uma carreira. E nas horas vagas aprender sobre si mesmo.

A geração dos singles. Pessoas que escolheram a carreira, a casa, o status, o conhecimento e o poder como foco. Um certo individualismo e autonomia potencializados. Onde as relações são acordos. Troca de carinhos e de prazer, sem maiores envolvimentos.

Sem julgamentos. Não se trata de uma distorção, de um "passo do sistema para nos engolir e nos tornar robôs" mas simplesmente escolhas, ou um fenômeno social, de mudança de valores.

No papo surgiu que traição e tradição são intimamente relacionadas, surgiu novamente otema da liberdade. Mais precisamente a relação entre segurança e liberdade... que a gente faz a troca da liberdade por segurança... com o parceiro, com a comunidade, com o Estado.

O cumulo da segurança é a prisão... seria o cumulo da liberdade a solidão? A irresponsabilidade? Individualismo? Acho que isto responde melhor a um questionamento que fiz uns dois posts atrás.

Essa harmonização de elementos aparentemente contraditórios foi o centro da reflexão... que os contratos verdadeiros ( e aqui a verdade é um elemento chave ) são aqueles permanentemente rediscutidos. Ou seja, as relações, assim como a liderança, liberdade e segurança, são circunstanciais. (bom, talvez aqui uma obviedade ululante)

Em uma reflexão pós ano novo do meu blog, eu cheguei a conclusão que não queria tantas mudanças de curso que me levassem a abandonar o que tenho para recomeçar uma nova caminhada. Prefiro a experiência de algo novo, por um tempo finito, que sair de um cenário de segurança para cair em outro onde vou construir um novo ambiente, talvez uma nova prisão.

Qual é o nível de liberdade, autonomia ou independência que você quer? Você está disposta a abrir mão de que por esta escolha? O que te segura? Medo de perda? Medo de causar dor? Medo de abandonar, de enfrentar a solidão? O que te move? Que prazeres, curiosidades, sonhos, ideais e experiências?

Às vezes eu quase matematizo isso... como uma soma de vetores, como forças em diversas direções.

É isso, vamos vivendo cada momento.

Os passos não conduzem a um objetivo, cada passo é um objetivo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Você Aprende... de Veronica Shoffstall

Existe uma entidade desconhecida que distorce e alonga textos de autores pouco conhecidos e cola o nome de escritores mais conhecidos, para dar credibilidade. O texto "Você aprende" é atribuído a Shakespeare, faz muito tempo. Eu achava o ultimo parágrafo um tanto esquisito e uma referência a alice no pais das maravilhas, um texto posterior a ele. E o formato é muito auto-ajuda.

Depois de um questionamento de uma amiga, fui pesquisar e descobri que se trata de mais um texto de autoria e conteúdo alterados. Veronica Shoffstall ("After a While", ou "Depois de um Tempo"), de 1971. Também conhecido por "Comes the Dawn". Agradecimentos ao blog-oasis "Autor Desconhecido", dedicado à nobre tarefa de expor essas atrocidades literárias.

O poema original:

After a while

After a while you learn
the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes ahead
with the grace of woman, not the grief of a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn.


A minha tradução:

"Depois de algum tempo você aprende
a sutil diferença entre
segurar a mão e acorrentar a alma
E você aprende
que amar não significa apoiar-se
e que companhia nem sempre significa segurança.
e você começa a aprender
que beijos não são contratos
e presentes não são promessas.
e começa a aceitar suas derrotas
com a cabeça erguida e olhos adiante
com a graça de uma mulher
e não com a tristeza de uma criança.
e você aprende
construir todas as suas estradas no hoje
porque o terreno do amanhã é
incerto demais para os planos,
e o futuro tem o costume de cair em pleno vôo.
Depois de um tempo você aprende
que mesmo a luz do sol queima
se você se expor demais.
então plante seu jardim
e enfeite sua alma
ao invés de esperar que alguem lhe traga flores.
E você aprende que você realmente pode perseverar,
você realmente é forte
você realmente tem valor
e você aprende
e você aprende
A cada despedida, você aprende."

Veronica A. Shoffstall