terça-feira, 28 de agosto de 2007

Sobre a paixão... Reloaded.

Eu já escrevi sobre este assunto antes, em março de 2006, mas senti um impulso de revisitar o tema, a partir do que aprendi nestes últimos tempos, de grandes dores e aprendizados. Reescrevi o texto, depois de reler e repensar. O texto estava num meio termo entre a reflexão e a poesia (só falar de paixão já vai trazendo efeitos colaterais). Reescrevi para ficar mais claro.

A paixão... Reloaded.

A paixão tem a ver com o que é novo, com o inusitado, com o diferente. Aparece quando a gente conhece uma nova pessoa ou vê algo novo em alguém. Um eco de algo especial que temos dentro da gente. Muitas vezes, uma tela para projetar o nosso filme.

Paixão tem um efeito imbecilizante (risos). A gente fica mais tolo, perde um pouco do bom senso. Deixamos de enxergar sinais evidentes, aceitamos o inaceitável, sofremos, gozamos e insistimos mesmo quando não existe mais nada. Isto porque é muito mais para o instinto que para a razão. E por isto é facil atropelar ou consumir o outro, é fácil deixar de enxergar a outra pessoa e ficar só vendo a nossa fantasias, desejo, planos e sonhos. E para o outro é um desafio, competir com uma fantasia.

Paixão nos faz implorar, nos leva a desempenhar papeizinhos medíocres e patéticos. E a gente adora. A paixão não aumenta com a satisfação, mas com as dificuldades.

Quando a paixão domina o coração, este inventa razões que parecem não só plausíveis, mas decisivas para provar que o amor justifica tudo, até a perdição. Convence de que até a honra é bem sacrificada e a vergonha um preço módico a pagar.

Pede o encontro de corpos, pede um encontro de almas. Tira a gente do eixo e nos leva por novos, tortuosos e perigosos caminhos, sem que a gente perceba. Como canta Toquinho, muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar.

Paixão é tesão. Sempre. E paixão acaba. Sempre. Paixão se renova. Às vezes. Geralmente começa ao mesmo tempo, mas raramente termina simultaneamente.

E o que resta depois do incêndio? As vezes amor, às vezes dor quando percebemos que nos traimos, que nos queimamos, ne nos desrespeitamos e nos deixamos ser desrespeitados muito além do que jamais permitiriamos em qualquer lugar ou situação. Pesar por ter abandonado. Perceber quando a outra pessoa está em pleno vôo, depois de incentivarmos ela a saltar , sem que não temos condições de sustentar o vôo ou oferecer um pouso suave.

E mesmo assim, a paixão pode ser uma grande lição de humildade, em sua energia e crueldade.

E por alguma razão, inscrita a fogo na alma do homem, a gente precisa disso. Ouvi recentemente uma amiga dizer que de tempos em tempos precisava viver intensamente estes momentos de dor e de melancolia.

E por mais que soe estranho, admito que eu também sou assim.

É como se minha alma a cada ciclo me levasse a estes mergulhos no fogo infernal para me limpar do que não me pertence, dos pensamentos, padrões e idéias que não condizem com os desejos profundos, para forjar de mim um novo eu, com um olhar limpo, com uma nova leveza.

Vivi três episódios assim. Quando um grande amigo e mentor morreu há 14 anos atrás, me forçou a ser meu próprio mentor, e a montar a minha empresa. Quando me separei, há cerca de 7 anos atrás, sai pela vida em busca de aprender a expressar a minha natureza amorosa.

Parecem os tais ciclos de 7 anos... porque passei por algo intenso assim, uma morte e renascimento que uma paixão (e sua interrupção) deflagrou, e hoje eu me deparo com um novo caminho aberto, que não sei onde vai dar, mas que deixa claro que é um novo passeio e uma nova lição. Um uma caminhada que vou fazer à minha maneira, da minha forma apaixonada de viver, com as dores e prazeres que ela reserva.

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